O tema da "conversão" é tão velho quanto a Bíblia. Inúmeras passagens, tanto no Antigo quanto no Novo Testamento nos apresentam a temática da conversão enquanto retomada da Aliança com o Senhor e volta à prática da Palavra de Deus.
A visão cristã de conversão, durante muito tempo, foi direcionada à uma postura privada da relação homem e Deus. Nestas últimas décadas, com o crescimento da consciência social, surgiu a idéia de "conversão social", que nos coloca na direção dos pobres e oprimidos, dentro da ótica da Teologia da Libertação, à luz da Doutrina Social da Igreja.
O Documento de Aparecida cunhou a expressão "conversão pastoral". Todos são chamados a buscar esta postura de conversão pastoral, uma vez que ela é da Igreja toda. Por isso, o novo de Aparecida na verdade já não é tão novo assim, uma vez que faz resplandecer aquilo que o Concílio já havia falado, décadas atrás, sobre o sacerdócio comum dos fiéis, ou seja, todos, pelo Batismo, fazem parte do sacerdócio de Cristo e, por isso, todos são, de certa forma, co-responsáveis pela vida eclesial.
A constatação de que a vida da Igreja em nosso continente está amparada em estruturas "caducas", envelhecidas, leva à necessidade desta conversão. Chamada à missionariedade, a Igreja descobre que ainda está muito dentro de suas sacristias e que precisa sair delas para ir ao encontro das pessoas. Aliás, esta constatação, há mais de 25 anos, D. Frederico Didonet já havia feito aqui no Rio Grande.
E quais serias estas "estruturas caducas"? Algumas delas podemos elencá-las:
a) uma acomodação geral na Igreja, por meio de uma "pastoral de manutenção", ou seja, manter o que nós temos, sem preocupação missionária;
b) um clericalismo, que abafe a atuação dos leigos e leigas e o surgimento de novos carismas na Igreja;
c) um modelo de paróquias, enquanto "feudos", sem um compromisso maior com uma pastoral orgânica e sem atender as novas periferias, que surgem em nossos centros urbanos;
d) um modelo centralizador de Igreja, desrespeitando as culturas locais e os novos desafios. Este modelo pode existir muito em nossas paróquias e organismos eclesiais.
Enfim, mudar é preciso! A receita do bolo nós já a temos. Agora, é buscar a conversão, sincera e total do nosso coração, para entrarmos num processo de conversão pastoral, na direção da missão que Jesus nos confia em nosso continente.