quarta-feira, 29 de julho de 2009

Pensando em voz alta (III)

Se quisermos ter um Cristianismo que seja instrumento de transformação da sociedade atual, é essencial que deixemos que a proposta de Cristo possa ser assumida no todo de nossa vida e de nossos valores. Da mesma forma que não existe uma mulher mais ou menos grávida, não é possível existir alguém “mais ou menos cristão”. Entretanto, esse assumir a proposta do Evangelho na sua totalidade não é possível apenas por uma decisão puramente humana, mas tem que ser consequência da experiência que fazemos de Deus em nossa vida, uma experiência mística, espiritual, que vai transformando a vida na sua dimensão mais concreta. Infelizmente, quando falamos de mística e espiritualidade sempre pensamos em algo subjetivo, meio misterioso, sem relação com a vida concreta da pessoa. Essa visão é equivocada, porque a experiência espiritual é o combustível de uma atitude de conversão concreta, de uma postura de vida transformada e transformadora.
Uma Igreja que seja fruto da experiência que seus membros fazem de Jesus Cristo. Quando isso acontece, então passamos de um Cristianismo de verniz para um Cristianismo mais profundo, que provoca convicções, que são assumidas ao natural e causam alegria plena em quem as vive. A comunidade cristã passa a ser, então, o espaço da partilha e da ajuda mútua entre aqueles que desejam ser verdadeiramente discípulos de Jesus Cristo. Nela, os discípulos se reúnem em vista do estímulo mútuo e da ajuda fraterna na fidelidade ao Senhor e à sua proposta de vida. Por isso, acredito profundamente que precisamos redescobrir o valor de viver em comunidades de fé, a fim de que essa se torne a nossa identidade diante de um mundo cada vez mais egocêntrico e individualista. Na comunidade fazemos a experiência do querigma, como passo inicial na fé e também a do catecumenato, como aprofundamento da nossa adesão a Jesus Cristo e á sua Igreja.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Pensando em voz alta (II)

O cristianismo vai muito além daquilo que estamos acostumados a ver e a fazer. Talvez o ponto de partida para a compreensão da atual situação de crise que nossa Igreja esteja enfrentando no começo deste Terceiro Milênio seja a dificuldade de estabelecer a real identidade do cristianismo no mundo e o papel do cristão na sociedade. Por não sabermos quem somos, acabamos não percebendo nossas reais prioridades em termos de ação, enquanto pessoas e estruturas eclesiais.
O que é ser cristão no mundo hoje? Como ele deve se portar, de modo a ser sal da terra e luz do mundo? Essas perguntas devem ser continuamente feitas a cada dia e em cada situação que enfrentamos. Se o cristão não tiver diante de si os mais profundos valores do Evangelho, irá agir sem convicção alguma na sua vida, sendo, dessa maneira “contaminado” com o espírito do “mundo”. Vai, assim, tornando-se um pagão na sua prática ética, moral, assumindo, assim, valores absolutamente contrários ao cristianismo, até mesmo porque ele não vai saber exatamente o que o cristianismo acredita e prega.
O Papa Paulo VI denunciou que o cristianismo pode ser apenas um verniz, algo superficial, que não desce à raiz da vida humana. Pode se tornar apenas atos e gestos secundários, que não venham de lugar algum e não levam a lugar nenhum. Quando o cristianismo se torna apenas esse verniz, passamos a vivê-lo assumindo apenas aquilo que nos interessa e deixando de lado o que não gostamos. É por isso que as nossas prioridades em termos de opções eclesiais são às vezes tão frágeis e até mesmo fúteis, mudadas à mercê de nossos “modismos”.
Traduzindo: não estamos, como Igreja, conseguindo assumir um projeto eclesial de forma estável porque pessoalmente (a começar por mim...) não estamos amadurecidos como discípulos missionários de Jesus Cristo. O encantamento pelo Reino somente acontecerá quando o Evangelho deixar de ser um verniz, tornando-se fundamento para nossa vida e para nossas opções pastorais.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Pensando em voz alta (I)

Chego em casa, vindo de mais uma reunião do Projeto Missionário Diocesano. Continuamos a andar às apalpadelas, sem rumo nem direção. A constatação dolorida é de que a missionariedade não está mais na ordem do dia, seja na cabeça de nossos pastores, seja na cabeça e no coração de nossas lideranças. Aliás, não sabemos nem o que se encontra na ordem do dia atualmente em nossa Igreja. As necessidades e desafios pastorais passam diante dos nossos olhos e corações numa rapidez vertiginosa: o Documento de Aparecida, com toda a sua riqueza teológico-pastoral, desapareceu na poeira de nossas estantes; o Ano Paulino, recém encerrado, não trouxe maiores repercussões, a não ser em alguma agências de turismo religioso; o Ano Catequético repercutiu no primeiro semestre em algumas almas heróicas de nossas catequistas; a juventude? Continua semimorta em nossas comunidades...
Não quero parecer pessimista ou ter que assumir uma atitude de padre velho, para quem nada mais dá certo no mundo de hoje e que vive num saudosismo de um passado que não vai mais voltar (“ah, bons tempos aqueles...”). Parece, porém, que vivemos num tempo árido, onde nos acostumamos com uma pastoral de manutenção e com a vivência de uma religiosidade totalmente descomprometida e sem sal. Deixamos de viver um cristianismo que possa fazer a diferença numa sociedade paganizada, sendo sal da terra e luz do mundo. Está certa a frase de João Batista Scalabrini (“O mundo anda depressa e nós não podemos parar”...), mas a rapidez com que nossas opções pastorais vêm e vão não permite nem que consigamos iniciar e concluir qualquer projeto eclesial. Aquilo que hoje é assunto na Igreja tende amanhã a desaparecer, sem deixar rastro, sendo substituído por outro que depois de amanhã também vai cair na vala comum do esquecimento. E nessa loucura de passar por temas que vêm e vão, vamos deixando brechas escancaradas de necessidades de nosso povo que existem, continuam a existir e não conseguem ser atendidas. Olhamos para todos os lados, vemos gente sofredora, vemos situações terríveis, “cansadas e oprimidas como ovelhas sem pastor” e cruzamos os braços, nos omitindo de um modo cruel e não-cristão.
Está faltando em nossa Igreja hoje o espírito da profecia. Ao melhor estilo dos profetas do Antigo Testamento (sem, porém, precisar utilizar as longas barbas brancas...), torna-se necessário denunciar a mentalidade presente em nossa sociedade e que está contaminando nossa Igreja até os seus fundamentos: uma mentalidade totalmente superficial, individualista, hedonista e outros “istas”, que desfiguram o rosto de Cristo que devemos ser. É profético insistir naquilo que descobrimos como prioridade pastoral e que jamais deve ser esquecido em nossas reuniões e em nossa oração pessoal. Torna-se necessário a comtemplação dos mais prementes desafios que nos são lançados, para que possamos oferecer respostas às questões que nos são formuladas. Para cada desafio, para cada pergunta, a Igreja deve oferecer pistas de reflexão e de ação, de forma concatenada e orgânica. O caminho precisa ser re-feito, para que possamos descobrir onde estamos e para onde precisamos ir. Nossas opções fundamentais necessitam ser retomadas, a fim de que haja de novo o re-encantar-se pelo Reino. Somos mais do que simples “fazedores de coisas”; somos artífices da ação evangelizadora da Igreja, em pleno século XXI, construtores da história nesse novo milênio. É Deus quem nos chama e, por seu Espírito, nos envia em missão. Responder a esse chamado é vocação nossa!

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Palavra de Vida - Mês de julho

Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói.” (Lc 12,33)
Você é jovem e sente a exigência de uma vida ideal, sem meias medidas, radical? Ouça o que diz Jesus. Ninguém nesse mundo lhe pede tanto como Ele. Você está tendo a oportunidade de demonstrar sua fé e sua generosidade, seu heroísmo.Você é adulto e anseia por uma existência séria, comprometida, embora sem perder a segurança? Ou então já é idoso e deseja viver seus últimos anos confiando-se a alguém que não engana, sem preocupações desgastantes? Também para você é válida essa frase de Jesus.De fato, no Evangelho ela é precedia por uma série de recomendações em que Jesus nos convida a não nos preocuparmos com o que deveremos comer e vestir, exatamente como as aves do céu, que não semeiam, e os lírios dos campos, que não tecem. Você deve, portanto, eliminar do seu coração toda e qualquer agitação com as coisas terrenas, porque o amor do Pai por você é bem maior do que pelas aves e pelas flores, e Ele mesmo cuida de você.É por isso que lhe diz:
“Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói”.
O Evangelho, no seu conjunto e em cada uma de suas palavras, é um pedido aos homens de tudo aquilo que são e que têm.Antes da vinda de Cristo, Deus não pedia tanto assim. O Antigo Testamento considerava a riqueza terrena como um bem, uma bênção de Deus. E, se ele prescrevia dar esmola aos necessitados, era para obter a benevolência do Todo-poderoso.Mais tarde, no judaísmo, a idéia da recompensa na outra vida já se tornara mais comum. De fato, um rei respondeu da seguinte maneira a alguém que o acusava de esbanjar os seus bens: “Meus antepassados acumularam tesouros para essa terra, enquanto que eu acumulei tesouros para o céu”.Ora, a originalidade da frase de Jesus está no fato de que Ele pede a você o dom total, pede-lhe tudo. Quer que você seja um filho livre, sem preocupações em relação ao mundo, um filho que se apoia somente nele.Ele sabe que a riqueza é um obstáculo enorme para você, pois ela ocupa o seu coração, enquanto Ele quer ter todo esse espaço disponível para si.Daí, portanto, a recomendação:
“Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói”.
E se você não pode se desfazer materialmente dos bens, devido a obrigações para com outras pessoas, ou porque a sua posição o obriga a se apresentar de modo mais requintado, isso não o dispensa de se desapegar espiritualmente dos bens e de ser um simples administrador deles. Assim, ao mesmo tempo que lida com a riqueza, você ama os outros e, administrando-a em função deles, prepara um tesouro que a traça não corrói e o ladrão não rouba. Mas, você tem certeza de que deve ficar com todos os seus bens? Ouça a voz de Deus que fala no seu íntimo; peça conselho, se não souber decidir. Você verá quantas coisas supérfluas encontrará entre os seus bens. Não fique com elas. Dê, dê para quem não possui. Coloque em prática a frase de Jesus: “Vendei... e dai”. Assim você encherá as “bolsas que não se estragam”. É lógico que, para viver no mundo, é necessário interessar-se também pelo dinheiro, também pelas coisas materiais. Mas Deus quer que você se ocupe e não que se preocupe. Ocupe-se daquele mínimo que é indispensável para viver de acordo com a sua situação, conforme as suas condições. Quanto ao mais:
“Vendei vossos bens e dai o dinheiro em esmola. Fazei para vós bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói”.
O papa Paulo VI era realmente pobre . Uma demonstração disso foi o modo como ele desejou ser sepultado: num pobre caixão, “na terra nua”. Pouco antes de morrer havia dito a seu irmão: “Faz tempo que eu preparei as malas para aquela viagem tão exigente”.Pois bem, é isso que você deve fazer: preparar as malas. Nos tempos de Jesus talvez as malas se chamassem de bolsas. Prepare-as dia após dia. Procure enchê-las o mais que puder com aquilo que pode ser útil para os outros. Você só tem realmente aquilo que dá. Lembre-se de quanta fome existe no mundo. Quanto sofrimento. Quantas necessidades…Ponha nessas malas também todo gesto de amor, toda obra em favor dos irmãos.Faça essas ações por Ele. Diga-Lhe, do fundo do coração: por Ti. E faça-as bem, com perfeição. Elas estão destinadas ao céu, permanecerão para a eternidade.
Chiara Lubich

domingo, 14 de junho de 2009

Palavra de Vida - Mês de junho

“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.” (Jo 15,5)
Você já imaginou um ramo separado da videira? Não tem futuro, não tem mais nenhuma esperança, não tem fecundidade e o seu fim não pode ser outro senão secar e ser queimado. Pense a que morte espiritual você está destinado, como cristão, se não permanecer unido a Cristo. É assustador! É a esterilidade completa, mesmo que você trabalhe o dia inteiro ou que se considere útil à humanidade, mesmo que os amigos o elogiem e que os seus bens terrenos aumentem, ou até que faça sacrifícios consideráveis. Tudo isso pode ter um sentido para você aqui na terra, mas não tem nenhum significado para Cristo e para a vida eterna. E é essa a vida que mais importa.
“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
De que modo você pode permanecer em Cristo e Cristo permanecer em você? Antes de mais nada é preciso que você acredite em Cristo. Contudo, isso não basta. A sua fé deve influir na realidade concreta de sua vida. Ou seja, você deve viver em conformidade com essa fé, colocando em prática as palavras de Jesus. Ainda assim, Cristo não sentirá sua união com ele, se você não se esforçar para estar inserido na sua comunidade eclesial, na sua Igreja local.
“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
“Aquele que permanece em mim, como eu nele”.Percebeu como Cristo fala de uma unidade sua com ele, mas também de uma unidade dele com você? Se você está unido a ele, ele está em você, está presente no íntimo do seu coração. E daí nasce um relacionamento e um diálogo de amor mútuo, uma colaboração entre Jesus e você, discípulo dele. E eis a consequência: dar muito fruto, exatamente como um ramo bem unido à videira que produz saborosos cachos de uva.“Muito fruto” significa que você será dotado de uma verdadeira fecundidade apostólica, ou seja, da capacidade de abrir os olhos de muitas pessoas para as palavras incomparáveis e revolucionárias de Cristo, e estará em condições de dar a essas pessoas a força de se nortear por elas. “Muito fruto” significa ainda que você saberá suscitar, ou mesmo desenvolver, obras pequenas ou grandes para atender às mais variadas necessidades do mundo, de acordo com os dons que Deus lhe deu.
“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
Todavia, “muito fruto” não significa apenas o bem espiritual ou material dos outros, mas também o seu bem pessoal.Também o crescimento interior, também a sua santificação pessoal depende da sua união com Cristo.Santificar-se. Nos tempos em que vivemos, talvez essa expressão lhe parecerá um anacronismo, uma coisa inútil, ou uma utopia.Mas não é assim. O tempo presente passa e, com ele, passam também as visões parciais, errôneas, contingentes. Permanece a verdade. Dois mil anos atrás, Paulo, o Apóstolo, dizia claramente que a santificação é vontade de Deus para todos os cristãos. O Concílio Vaticano II disse que todo o povo de Deus é chamado à santidade.Trata-se de opiniões abalizadas.Portanto, procure colher, na sua vida, também o “muito fruto” da santificação, que será possível somente se você estiver unido a Cristo.
“Eu sou a videira e vós, os ramos. Aquele que permanece em mim, como eu nele, esse dá muito fruto; pois sem mim, nada podeis fazer.”
Você notou que Jesus não lhe pede diretamente o fruto, mas que o considera uma consequência do fato de “permanecer” unido a ele?Pode ser que também você caia no erro em que se encontram muitos cristãos: ativismo, ativismo, obras, obras para o bem dos outros, sem terem o tempo de verificar se estão em tudo e por tudo unidos a Cristo.É um erro. Tem-se a ilusão de produzir frutos, mas não são esses os que Cristo em você, Cristo com você poderia produzir.Para produzir o fruto duradouro, o que tem a marca de Deus, é preciso permanecer unido a Cristo. E, quanto mais você permanecer unido a ele, mais frutos produzirá.De fato, se você conhece pessoas que vivem dessa maneira, vê que elas, talvez com um simples sorriso, com uma palavra, com o habitual comportamento cotidiano, com sua atitude diante das diversas situações da vida, tocam os corações, levando-os até mesmo a encontrar Deus.
E foi o que aconteceu com os santos. Nós também não devemos desanimar. Também os cristãos comuns podem produzir fruto. Veja, por exemplo, esse fato: Estamos em Portugal. Maria do Socorro entrou na faculdade, após terminar o ensino médio. O ambiente é difícil. Muitos de seus colegas lutam, conforme a própria ideologia, e cada um quer levar consigo os estudantes que ainda não assumiram nenhuma posição política.Socorro sabe muito bem qual é o seu caminho, embora seja difícil explicá-lo: seguir Jesus e permanecer unida a ele. É tachada de sem posição e sem ideais pelos seus colegas, que não conhecem nada de suas convicções. Algumas vezes, ela sente respeito humano, sobretudo quando entra na igreja. Mas não se desencoraja, porque sabe que deve permanecer unida a Jesus.Aproxima-se o Natal. Socorro percebe que alguns dos colegas não podem ir festejar essa data com os familiares, pois moram muito longe, e então propõe aos demais colegas que ofereçam juntos um presente aos que não podem viajar. Surpreendemente, todos aceitam a proposta.Algum tempo depois acontecem as eleições para representante de curso e, para sua grande surpresa, justamente Socorro é eleita. Mas a surpresa é ainda maior quando lhe dizem: “É lógico que a eleita tenha sido você! É a única que tem uma posição bem definida, que sabe o que quer e o que fazer para realizá-la”. Alguns de seus colegas se interessaram pelo seu ideal e decidem viver da mesma forma. Um bom fruto da perseverança de Maria do Socorro em permanecer unida a Jesus.
Chiara Lubich

sexta-feira, 1 de maio de 2009

Palavra de Vida - Mês de maio

“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”. (1 Pd 4,10)
Edite, uma jovem cega de nascença, vive numa instituição para deficientes visuais. Ali, o capelão, paralítico, não consegue mais celebrar a Missa e por esse motivo foi proposto retirar Jesus Eucaristia da casa. Edite pede que o bispo autorize a permanência da Eucaristia porque, essa é a única luz em suas trevas. E ela consegue não só essa permissão mas também a licença para distribuir ela mesma a comunhão para o próprio sacerdote e para as outras companheiras que vivem com ela. Sempre querendo ser útil, Edite consegue ainda dispor de um programa diário de várias horas numa rádio local. Ela se utiliza desse meio para oferecer aquilo que tem de melhor – conselhos, pensamentos, esclarecimentos de ordem moral – a fim de encorajar com a sua experiência as pessoas que sofrem. Edite… e poderíamos contar ainda outras tantas coisas a seu respeito. Ela é cega e foi o sofrimento que a iluminou.Mas teríamos ainda muitos outros exemplos de outras pessoais para citar! O bem existe mas não faz estardalhaço.Edite vive concretamente como cristã. Ela sabe que recebeu dons, como cada um de nós, e os coloca a serviço dos outros.Sim, porque a palavra “dom” (ou “carisma” como se costuma dizer, usando a palavra de origem grega) não exprime somente as graças com as quais Deus favorece aqueles que devem governar a Igreja. Nem tampouco se refere somente àqueles dons extraordinários que ele julga oportuno mandar diretamente a algum fiel, para o bem de todos, quando pensa ser necessário remediar situações extraordinárias na Igreja ou evitar perigos graves, para os quais não são suficientes as instituições eclesiásticas. Esses dons podem ser a sabedoria, a ciência, o dom dos milagres, ou o de falar línguas, o carisma de suscitar uma nova espiritualidade na Igreja e outros mais.Os dons ou carismas não são apenas esses, mas também outros, mais simples, que muitas pessoas possuem e que se manifestam através do bem que realizam. O Espírito Santo trabalha.Além disso, podem ser chamados de dons ou carismas também os talentos naturais. Todo mundo, portanto, os possui. Também você.Como usá-los, então? Você deve pensar em como fazê-los render.Eles lhe foram dados não só para você, mas, justamente, para o bem de todos.
“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”
É imensa a variedade dos dons. Cada um de nós possui o seu e, portanto, tem a sua função específica na comunidade.Vejamos, então, qual é o seu caso?Você tem algum diploma? Nunca pensou em colocar à disposição algumas horas da semana para ensinar a quem precisa de ajuda, ou não tem os meios para estudar?Você é particularmente generoso? Nunca pensou em mobilizar forças sociais ainda sadias em benefício de pessoas pobres e marginalizadas, despertando assim no coração de muita gente o senso da dignidade humana?
Você tem um jeito todo especial para consolar as pessoas? Ou então para cuidar da casa, para cozinhar, para confeccionar de modo econômico roupas úteis ou para fazer trabalhos manuais? Olhe ao seu redor e veja quem precisa de você.Para mim é doloroso ver que existe gente que se ocupa em descobrir e ensinar maneiras de preencher o tempo livre. Nós, cristãos, não teremos tempo livre enquanto houver na terra um doente, um faminto, um encarcerado, um ignorante, um desorientado, um triste, um drogado, um órfão, uma viúva...E você também não acha que a oração é um dom formidável a ser utilizado, uma vez que em cada momento você pode dirigir-se a Deus, presente em toda parte?
“Como bons administradores da multiforme graça de Deus, cada um coloque à disposição dos outros o dom que recebeu”
Você já imaginou uma Igreja em que todos os cristãos, desde as crianças até os adultos, fizessem todo o possível para colocar à disposição dos outros os seus dons?O amor mútuo haveria de adquirir uma tamanha consistência, uma tão grande amplitude e relevo, que poderia levar os outros a reconhecer nisso quem são os discípulos de Cristo. E então, se é esse o resultado, por que não fazer de tudo para alcançá-lo?
Chiara Lubich

segunda-feira, 6 de abril de 2009

Palavra de Vida - Mês de abril

“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.” (Mt 24,42)
Já observou que geralmente você não vive, mas vai levando a vida na espera de um “depois” que lhe traria a “felicidade”? Na verdade, um “depois-feliz” realmente chegará, mas não será aquele que você espera.Um instinto divino faz você esperar por alguém ou por alguma coisa que possa satisfazê-lo. Talvez, então, você pense nos dias de festa, ou no tempo livre, ou num encontro especial… Essas coisas, porém, não o deixam satisfeito, ou, pelo menos, não plenamente. E volta a monotonia de uma existência vivida sem convicção, sempre na expectativa de alguma coisa.A verdade é que, entre os fatores que compõem a sua vida, existe um do qual ninguém pode escapar: é o encontro frente a frente com Deus que vem. É essa a “felicidade” pela qual você inconscientemente anseia, pois você existe para ser feliz. E a felicidade plena somente Deus lhe pode dar.E Jesus, conhecendo o quanto é difícil – para você e para mim – encontrar o caminho que conduz a ela, nos adverte:
“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
Vigiai. Estai atentos. Permanecei acordados.Porque, se no mundo há muitas coisas que podem ou não acontecer, existe uma sobre a qual não resta a menor dúvida: um dia também você vai morrer. E isso para o cristão significa apresentar-se diante de Cristo que vem.Pode ser que você seja como a maioria das pessoas, que esquecem a morte deliberadamente, de propósito. Você tem medo daquele momento e vive como se ele nunca fosse chegar. Diz com a sua vida terrena, com o apego cada vez maior a ela: a morte me amedronta, portanto não existe. Mas esse momento chegará. Porque Cristo vem com certeza.
“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
Com essas palavras, Jesus quer referir-se à sua vinda no último dia. Assim como Ele subiu ao céu em meio aos apóstolos, da mesma maneira haverá de voltar.Todavia, essas palavras querem exprimir também a vinda do Senhor no fim da vida de cada pessoa. Afinal, quando o homem morre, para ele o mundo terminou.E uma vez que você não sabe se Cristo virá hoje, esta noite, amanhã, ou daqui a um ano ou mais, é preciso vigiar. Exatamente como aqueles que ficam acordados, por saberem que os ladrões virão saquear sua casa, mas desconhecem a hora.E, se Jesus vem, quer dizer que esta vida é passageira. Por isso, ao invés de menosprezá-la você deve dar-lhe a máxima importância, deve preparar-se para esse encontro com uma vida digna. (…)
“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
Sem dúvida, é preciso que também você vigie. A sua vida não é apenas uma sucessão pacífica de ações. É também uma luta. E as mais variadas tentações, como a da vaidade, a do apego ao dinheiro, a da violência, as de caráter sexual, são os seus primeiros inimigos. Se você vigiar sempre, não se deixará apanhar de surpresa. Mas somente quem ama vigia bem. Vigiar é próprio do amor. Quando se ama uma pessoa, o coração vigia sempre, e cada minuto transcorrido à sua espera é vivido em função dela. É assim que se comporta uma esposa amorosa nas tarefas diárias ou quando prepara alguma coisa para o marido ausente: faz tudo em função do seu esposo. E quando ele chega, na saudação exultante com que ela o recebe, está presente toda a riqueza do trabalho do dia. É assim que se comporta uma mãe, quando faz seu pequeno descanso enquanto assiste o filhinho doente. Ela dorme, mas o seu coração vigia.É assim que se comporta quem ama Jesus. Faz tudo em função dele, encontra-o nas simples manifestações da sua vontade em cada momento, e o encontrará solenemente no dia em que Ele vier.É o dia 3 de novembro de 1974.Conclui-se, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul, um encontro espiritual de 250 pessoas, sobretudo moças, muitas das quais provenientes da cidade de Pelotas. O primeiro ônibus, com 45 pessoas, está partindo: muitos cantos, muita alegria. A certa altura da viagem, algumas jovens rezam juntas os mistérios dolorosos do terço e pedem a Nossa Senhora que as ajude a ser fiéis a Deus, até a morte.Numa curva, por causa de um defeito mecânico, o ônibus sai da pista e rola num precipício de uns cinquenta metros de profundidade. Morrem seis moças.Uma das sobreviventes diz: “Vi a morte de perto, mas não senti medo, porque Deus estava ali presente”. E uma outra: “Quando percebi que podia locomover-me entre as ferragens, olhei para o céu estrelado e, ajoelhada entre os corpos das minhas amigas, rezei. Deus estava ali conosco...”. O pai de uma das vítimas contou que a filha costumava dizer: “Morrer é uma coisa bacana, papai, a gente vai se encontrar com Jesus”.
“Vigiai, portanto, pois não sabeis em que dia virá o vosso Senhor.”
As jovens de Pelotas, porque amavam, vigiavam e, quando o Senhor veio, elas foram ao seu encontro com alegria.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em dezembro de 1978

segunda-feira, 16 de março de 2009

O artigo de D. Rino Fisichella

Fico feliz por alguém de bom senso ter se manifestado oficialmente sobre o rumoroso caso da menina violentada de Pernambuco. O artigo de D. Rino Fisichella, no L'Osservatore Romano de sábado, é uma obra prima em termos de sensibilidade cristã diante de tantos sinais de morte nessa triste história. O texto, traduzido para o português, foi retirado do site da Canção Nova. Ei-lo:
"O debate sobre algumas questões freqüentemente se torna cerrado e as diferentes perspectivas nem sempre permitem considerar o quanto o acontecimento em jogo seja realmente grande. É este o momento em que se deve olhar o essencial e, por um momento, deixar de lado aquilo que não toca diretamente o problema. O caso em sua dramaticidade é simples. Uma menina de apenas nove anos, a quem chamaremos Carmen, e a quem devemos olhar fixamente nos olhos sem distrair sequer um minuto, para fazê-la entender o quanto a queremos bem. Carmen, em Alagoinha, foi violentada várias vezes pelo seu jovem padrasto, engravidou de dois gêmeos e nunca mais teve uma vida tranqüila. A ferida é profunda porque a violência a destruiu por dentro e dificilmente lhe permitirá no futuro olhar os outros com amor.
Carmen representa uma história de violência cotidiana e ganhou as páginas dos jornais somente porque o arcebispo de Olinda e Recife se apressou em excomungar os médicos que a ajudaram a interromper a gravidez. Uma história de violência que, infelizmente, teria passado despercebida, pois estamos acostumados a ver todos os dias fatos de uma gravidade sem igual, se não fossem as reações causadas pela atuação do bispo. A violência sobre uma mulher é grave, e se torna ainda mais deplorável quando perpetrada contra uma menina pobre, que vive em condição de degradação social. Não existe linguagem correspondente para condenar tais episódios, e os sentimentos que surgem são muitas vezes uma mistura de raiva e de rancor que se acalmam somente quando a justiça é feita realmente e se tem certeza de que o criminoso será punido.
Carmen deveria ter sido em primeiro lugar defendida, abraçada, acariciada com doçura para fazê-la sentir que estamos todos com ela; todos, sem exceção. Antes de pensar na excomunhão era necessário e urgente salvaguardar sua vida inocente e recolocá-la num nível de humanidade da qual nós homens de Igreja devemos ser anunciadores e mestres. Assim não foi feito e, infelizmente, a credibilidade de nosso ensinamento sofre com isso, pois aparece aos olhos de muitos como insensível, incompreensível e sem misericórdia. É verdade, Carmen trazia consigo outras vidas inocentes como a sua, não obstante fossem frutos da violência, e foram ceifadas; isso, todavia, não basta para fazer um julgamento que pesa como uma guilhotina.
No caso de Carmen se confrontaram a vida e a morte. Por causa de sua tenra idade e de suas condições de saúde precárias sua vida corria sério risco por causa da gravidez. Como agir nestes casos? Decisão árdua para o médico e para a lei moral. Escolha como esta, mesmo como uma casuística diferente, se repetem cotidianamente nas salas de tratamento intensivo e o médico se encontra só no ato de decidir o que fazer. Ninguém chega a uma decisão desse tipo com desenvoltura; é injusto e ofensivo pensá-lo.
O respeito devido ao profissionalismo do médico é uma regra que deve envolver todos e não pode consentir chegar a um julgamento negativo sem antes considerar o conflito criado em seu íntimo. O médico traz consigo sua história e sua experiência; uma escolha como essa de ter que salvar uma vida, sabendo que coloca em sério risco outra, jamais é vivida com facilidade. Certo, alguns se acostumam a tais situações que e as vivem sem sentimento; nestes casos, porém, a vocação de ser médico é reduzida apenas a uma profissão vivida sem entusiasmo e passivamente. Fazer de um caso um todo, além de incorreto seria injusto.
Carmen repropôs um caso moral entre os mais delicados; tratá-lo de forma rápida não faria justiça nem à sua frágil pessoa nem aos que estão envolvidos no caso. Como todo caso singular e concreto, merece ser analisado de forma peculiar, sem generalizações. A moral católica possui princípios dos quais não pode prescindir, mesmo se o quisesse. A defesa de uma vida humana desde a sua concepção pertence a um destes princípios e se justifica pela sacralidade da existência. Todo ser humano, de fato, desde o primeiro instante de vida traz consigo a imagem do Criador, e por isto estamos convictos de que devem ser reconhecidos os direitos e a dignidade de toda pessoa, primeiro entre todos o de sua intangibilidade e inviolabilidade. O aborto não espontâneo sempre foi condenado pela lei moral como um ato intrinsecamente mau e este ensinamento permanece imutável em nossos dias desde os primórdios da Igreja. O Concílio Vaticano II na Gaudium es spes - documento de grande abertura e perspicácia em relação ao mundo contemporâneo - usa de forma inesperada palavras inequívocas e duríssimas contra o aborto direto. A colaboração formal constitui uma culpa grave que, quando realizada, exclui automaticamente da comunidade cristã. Tecnicamente, o código de Direito Canônico usa a expressão latae sententiae para indicar que a excomunhão se atua automaticamente no momento em que o fato acontece.
Não era preciso tanta urgência e publicidade ao declarar um fato que se realiza de maneira automática. O que se sente maior necessidade neste momento é o sinal de um testemunho de proximidade a quem sofre, um ato de misericórdia que, mesmo mantendo firme o princípio, é capaz de olhar além da esfera jurídica para atingir aquilo que o direito prevê como objetivo de sua existência: o bem e a salvação daqueles que crêem no amor do Pai e daqueles que acolhem o Evangelho de Cristo como as crianças, que Jesus chamava para junto de si e as abraçava dizendo que o reino dos céus pertence a quem é como elas.
Carmen, estamos do seu lado. Partilhamos o sofrimento pelo qual passou, queremos fazer de tudo para lhe restituir a dignidade que lhe foi tirada e o amor de que você precisa ainda mais. São outros que merecem a excomunhão e o nosso perdão, não os que lhe permitiram viver e ajudam a recuperar a esperança e a confiança, não obstante a presença do mal e a maldade de muitos".

quarta-feira, 4 de março de 2009

Pensando alto na madrugada... Os que nos foram roubados...

O Senhor confia a nós, sua Igreja e seus pastores, o seu rebanho formado por homens e mulheres de todas as idades e condições sociais e culturais. Cabe a nós o zelo por esse rebanho, sabendo que depende muito de nós a sua relação com Deus e com aquilo que pode ser decisivo para a sua felicidade aqui e agora e depois definitivamente.
Ao contemplar todas as pessoas que, durante esses anos todos passaram pela minha vida e foram atingidas pelo meu ministério presbiteral, percebi o imenso número de ovelhas desse rebanho que, após uma bonita e até mesmo longa jornada entre nós, muitas vezes do nada, abandonam o Caminho e são jogadas nas garras dos mais vorazes lobos, que roubam a sua paz e felicidade verdadeira. Isto tornou-se, para mim, causa de tristeza e preocupação. Não tenho o direito de descansar, enquanto o rebanho do Senhor é trucidado.
A grande pergunta que me faço é exatamente esta: “O que nós, como Igreja, fizemos ou deixamos de fazer, por estes filhos e filhas que se afastaram do nosso rebanho?” A resposta para esta pergunta deve nos conduzir a um verdadeiro exame de consciência sobre o modo como temos apresentado a proposta de Jesus e também sobre a maneira como temos vivido esta proposta.
Em primeiro lugar, é fundamental deixar claro que não somos apresentadores de um conjunto de dogmas e de regras sobre o que se deve fazer e o que não se pode fazer. Cairíamos num farisaísmo vazio de sentido, tornando, assim, a mensagem do Evangelho algo opaco, sem brilho, sem entusiasmo, sem vida. Nós, Igreja e pastores, somos chamados a apresentar uma PESSOA – Jesus, e proporcionar às pessoas a nós confiadas, um ENCONTRO, encontro este que seja profundamente vivencial e transformador, um encontro com aquele que é a luz do mundo, o Iluminador, e que, no amor, iluminará a vida daqueles que com Ele se encontram. A vivência da proposta de Jesus é consequência de um encantamento com Ele.
Em segundo lugar, somente encanta quem é encantado. O Evangelizador deve ser, antes de tudo, uma pessoa que se encantou com Jesus e com o seu Reino, alguém apaixonado, pois faz a cada dia um Encontro novo com o Senhor e se deixa contagiar pela alegria do Reino, contagiando a todos ao seu redor, com essa alegria. Precisamos mostrar ao mundo, especialmente aos que nos foram confiados, como é bom, como é maravilhoso estar no Caminho. A alegria de ser amigo de Jesus é infinitamente maior do que todas as alegrias que possamos encontrar no pecado, pois quem permanece longe do Senhor jamais vai ser feliz, porque, qual uma maldição sobre sua cabeça, o pecado tira da pessoa toda a sua energia vital e toda a sua capacidade de ser verdadeiramente feliz.
Por isso, cabe a nós, Igreja, a missão de ir em busca dos cordeiros e ovelhas espalhados mundo afora, proclamando a Misericórida de Deus e o amor que temos por eles. É claro que sempre depende da decisão livre e soberana de cada pessoa, mas, quem em sã consciência, diante da certeza de saber-se amado pelo Senhor, ainda assim gostaria de ficar longe dele? Cabe a nós, também, mais do que nunca, rezar, interceder, clamar aos céus pelos afastados. É uma verdadeira batalha espiritual, que não deve cessar jamais.
Acima de tudo, o Senhor nos pede fidelidade à sua Aliança. A nossa fidelidade à Aliança do nosso Batismo deve ser livre, alegre e generosa. Nada deve nos afastar do Caminho; pelo contrário, mais do que nunca o testemunho dos cristãos fiéis e dos pastores do povo de Deus é essencial para que o mundo creia e retorne ao rebanho, de onde nunca deveria ter saído.

terça-feira, 3 de março de 2009

Palavra de Vida - Mês de março

“Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará” (Jo 16,23b)
A coisa mais absurda que você pode observar neste mundo é, de um lado, a presença de homens desorientados, sempre em busca de alguma coisa, os quais, nas inevitáveis provações da vida, sentem a angústia das privações, a necessidade de ajuda e a sensação de orfandade; e, de outro lado, Deus, Pai de todos, que nada mais quer do que usar da sua onipotência para satisfazer os desejos e as necessidades de seus filhos.É como o vazio que busca a plenitude. É como a plenitude que anseia pelo vazio. Mas, esse encontro não se realiza.A liberdade de que o homem é dotado pode provocar também esse sofrimento.Mas, Deus não deixa de ser Amor e aqueles que o reconhecem sabem disso.Ouça o que diz Jesus:
“Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará.”
Agora você pode considerar uma daquelas palavras cheias de promessas que, de vez em quando, Jesus repete no Evangelho. Com elas, ensina-lhe, com maior ou menor força e com diferentes explicações, como obter aquilo de que você necessita. Só Deus pode falar assim. Para ele, tudo é possível. Todas as graças estão em poder dele: tanto as terrenas como as espirituais, tanto as possíveis como as impossíveis.Mas, preste bem atenção.Ele sugere como você deve apresentar-se ao Pai para fazer o seu pedido. Ele diz: “Em meu nome”.Se você tem um pouco de fé, essas três breves palavras devem abrir-lhe perspectivas enormes. Veja só: Jesus, que viveu aqui entre nós, conhece as infinitas necessidades de cada pessoa e também as de você, e se compadece de nós. Por isso, no que diz respeito à oração, ele veio em nossa ajuda e é como se lhe dissesse: “Procure o Pai em meu nome e peça-lhe isto, isso e mais aquilo”. Ele sabe que o Pai não pode dizer não. Ele é seu filho, e é Deus.Não se apresente em seu próprio nome ao Pai, mas em nome de Cristo. Lembre-se de que um mensageiro não sofre penalidade.Dirigindo-se ao Pai em nome de Cristo, você desempenha a função de um simples mensageiro.Os negócios são tratados entre as partes interessadas.É assim que muitos cristãos fazem a própria oração. E eles podem testemunhar as inúmeras graças que receberam. Graças que revelam dia após dia a paternidade de Deus que os acompanha, atenta e amorosa.
“Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará”
A esta altura pode ser que você me diga: “Mas eu pedi, tornei a pedir em nome de Cristo, e nada obtive”.Pode ser. Eu lhe disse acima que Jesus, em outras passagens do Evangelho, nos convida a pedir, e dá outras explicações que talvez lhe tenham passado despercebidas.Ele disse, por exemplo, que só obtém quem “permanece” nele, ou seja, na Sua vontade.Pode acontecer, então, que você peça alguma coisa que não se enquadra no plano de Deus para você e que Deus não considere oportuna para a sua existência nesta terra ou na outra Vida; ou, até mesmo, a julgue prejudicial.Como é que ele, sendo seu Pai, pode atender você nesses casos? Ele enganaria você. E isso jamais ele fará.Então, será conveniente que, antes de orar, você se coloque de acordo com Deus e diga: “Pai, eu gostaria de lhe pedir isto em nome de Jesus, se achar oportuno”.E, se a graça pedida se conciliar com o plano que Deus, no seu amor, concebeu para você, haverá de se concretizar a frase:
“Se pedirdes ao Pai alguma coisa em meu nome, ele vos dará”
Pode ser também que você peça alguma graça, mas não tenha a menor intenção de viver de acordo com aquilo que Deus pede. Também, nesse caso, seria justo que ele atendesse você? Ele não quer lhe dar somente uma graça, mas igualmente a felicidade plena. E esta felicidade se obtém procurando viver os mandamentos de Deus, as suas palavras. Não é suficiente apenas pensar nelas, nem limitar-se a meditá-las; é necessário vivê-las. Se você assim fizer, conseguirá obter tudo.Concluindo: quer obter graças? Peça qualquer coisa em nome de Cristo, colocando em primeiro lugar a vontade dele, com a decisão de obedecer à Lei de Deus.Deus fica muito feliz em poder doar graças. Infelizmente, na maioria das vezes, somos nós quem lhe amarramos as mãos.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em novembro de 1978.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Palavra de Vida - Mês de fevereiro

«Se alguém vem ter Comigo e não Me prefere a seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs, e até à própria vida, não pode ser Meu discípulo» [Lc 14, 26]
Fevereiro de 2009
Que vos parece? São palavras tremendamente exigentes, radicais, inéditas! No entanto, aquele Jesus que declarou indissolúvel o matrimónio e deu o mandamento de amar a todos, e, portanto, de amar especialmente os pais, aquele mesmo Jesus pede agora que se ponham em segundo lugar todos os afectos belos da Terra, sempre que forem um impedimento ao amor directo, imediato a Ele. Só Deus podia pedir tanto.Na verdade, Jesus desenraíza as pessoas do seu modo natural de viver e quere-as ligadas, antes de mais, a Ele, para realizar na Terra a fraternidade universal.Por isso, onde quer que encontre um obstáculo ao seu projecto, Deus “corta”, e no Evangelho Jesus fala de «espada», espiritual, claro.E chama «mortos» àqueles que não O souberem amar mais do que à mãe, à esposa, à vida. Lembram-se daquele homem que pediu para sepultar o pai antes de O seguir? Foi a ele que Jesus respondeu: «Deixa que os mortos sepultem os seus mortos»1.Perante uma tão grande exigência, podemos sentir um arrepio de medo, ou pensar que estas palavras de Jesus só eram compreensíveis naquela época, ou por aqueles que O seguissem de um modo especial. Mas não é assim. Esta frase é válida para todas as épocas, e também para os dias de hoje. E vale para todos os cristãos, também para nós.Nos tempos que correm podem surgir muitas ocasiões para pôr em prática o convite de Cristo. Vives numa família onde há alguém que contesta o cristianismo? Jesus quer que tu o testemunhes com a vida e, no momento oportuno, com a palavra, mesmo à custa de seres ridicularizado ou caluniado. És mãe e o teu marido convida-te a interromper a gravidez? Obedece a Deus, e não aos homens.Um irmão teu quer que te juntes a um grupo com fins pouco claros, ou mesmo reprováveis? Não te deixes envolver. Há alguém da tua família que te convida a arranjar dinheiro pouco limpo? Mantém a tua honestidade. Toda a tua família quer arrastar-te para uma vida mundana? Não vás, para que Cristo não se afaste de ti.
«Se alguém vem ter Comigo e não Me prefere a seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs, e até à própria vida, não pode ser Meu discípulo».
Pertencias a uma família descrente e a tua conversão a Cristo causou a divisão? Não te assustes. É um efeito do Evangelho.Oferece a Deus o sofrimento que sentes no coração por aqueles que amas, mas não cedas.Cristo chamou-te a Si de um modo especial, e agora chegou o momento em que a tua doação total exige que deixes o pai e a mãe, ou talvez que renuncies à namorada.Faz a tua escolha.Sem combate, não há vitória.
«Se alguém vem ter Comigo e não Me prefere a seu pai, mãe, esposa, filhos, irmãos, irmãs, e até à própria vida, não pode ser Meu discípulo».
«… e até à própria vida».Vives num lugar de perseguição e o facto de te expores por Cristo põe em perigo a tua vida? Coragem. Às vezes a nossa fé pode pedir também isto. Na Igreja, a época dos mártires nunca acabou completamente. Cada um de nós, ao longo da sua vida, há-de ter que escolher entre Cristo e tudo o resto, para permanecer um cristão autêntico. Portanto, também para ti há-de chegar esse momento.Não tenhas medo. Não receies perder a vida, porque mais vale perdê-la por Deus do que nunca mais a encontrar. A outra Vida é uma realidade.E não te aflijas com os teus familiares. Deus ama-os. Se tu O souberes preferir a eles, chegará o dia em que Deus há-de passar por eles para os chamar com as palavras fortes do Seu Amor. E tu poderás então ajudá-los a tornarem-se, também, verdadeiros discípulos de Cristo.
Chiara Lubich
Palavra de Vida, Outubro de 1978, publicada em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. I, Roma 1980, pp. 111-113
1) Lc 9, 60.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

18 anos de Padre!

Neste exato momento, há dezoito anos atrás, pelas mãos do Sr. Bispo Diocesano do Rio Grande, D. José Mário, na Igreja de Nossa Senhora do Carmo, eu era ordenado Padre. Este vai ser um dos momentos mais marcantes da minha vida. Jamais vou esquecer a alegria que senti, quando pude dar o meu SIM a Deus, ao seu Reino, à sua Igreja e ao povo que me seria confiado. Nunca vou esquecer da emoção que foi poder celebrar pela primeira vez a Santa Missa, do choro copioso na hora da consagração na Primeira Missa, no dia seguinte. Jamais vou esquecer o quanto sonhei por aquele dia, bem como o quanto sonhei por todos os dias que se seguiram até hoje. Sim, porque ser Padre é uma Graça e uma Bênção que se renovam cotidianamente, em cada Missa celebrada e em cada momento em que vivo com intensidade e amor o meu Ministério. Hoje celebrei minha Missa número 9496 (sim, porque eu anoto, desde aquele dia, todas as Missas celebradas!) e o amor e a intensidade foram os mesmos da minha Primeira Missa. Poder fazer parte do Mistério da Presença Eucarística de Jesus entre nós é algo grandioso por demais! Poder fazer parte do Mistério da Misericórdia Divina e do Perdão é algo maravilhoso! Poder fazer parte do Mistério Pastoral da Igreja, atuando na Evangelização é algo incrível! Seja como for, seja onde for, seja com quem for, ser Padre é algo sublime, apaixonante, poderosamente fecundo!
Por isso, hoje, quero partilhar com vocês a imensa alegria de poder estar celebrando a minha "maioridade sacerdotal". Espero ir muito além, para poder ser útil na vida de muita gente e da Igreja particular do Rio Grande, a qual sirvo. Espero continuar servindo e amando a este Deus que me chamou e confiou em mim, apesar de minhas misérias e pecados.
Continuo contando com as orações de todos vocês! sem a oração do povo, coitados de nós, padres... E também continuo contando com o amor e a amizade de todos vocês, que são a família que Deus me concedeu. Espero que a oração e a misericórdia de vocês ajudem na santificação de nós, padres, a fim de que possamos ter coração de Pastor, que nem o Coração de Jesus, o Sacerdote por excelência!

sexta-feira, 2 de janeiro de 2009

Palavra de Vida - Mês de janeiro

“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.” (1Cor 12,20)
Você já visitou alguma vez uma comunidade viva de cristãos realmente autênticos? Já participou de um encontro entre eles, ou conheceu mais de perto a vida de uma comunidade assim?Se isso aconteceu, você terá percebido que as pessoas que a compõem desempenham funções diferentes; por exemplo: há quem tem o dom de falar e lhe comunica realidades espirituais que penetram profundamente na alma; há quem tem o dom de ajudar, de atender às necessidades dos outros e deixa você maravilhado diante dos sucessos alcançados em benefício daqueles que sofrem. Há também quem ensina com tamanha sabedoria, a ponto de reforçar a fé que você já possui, ou ainda quem tem o dom de organizar ou de governar; há quem sabe entender todo próximo que encontra e é distribuidor de consolações aos necessitados.É verdade, tudo isso você poderá experimentar; porém, aquilo que mais impressiona numa comunidade tão viva é o único espírito que a todos anima e que se tem a impressão de sentir pairar. Espírito esse que faz da comunidade uma única realidade, um só corpo.
“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”
Também Paulo – e ele de um modo todo especial – se encontrou diante de comunidades cristãs vivíssimas, que nasceram justamente por causa da sua extraordinária palavra.Uma dessas – ainda jovem – era a de Corinto, na qual o Espírito Santo tinha sido generoso em distribuir os seus dons, ou melhor, os carismas, como são chamados. Por sinal, naquele tempo se manifestavam carismas extraordinários, devido à vocação especial da Igreja nascente.Aconteceu, porém, que depois de ter feito a maravilhosa experiência da diversidade de dons distribuídos pelo Espírito Santo, essa comunidade conheceu também rivalidades ou desordens, justamente entre aqueles que tinham sido beneficiados por esses dons.Foi necessário, então, dirigir-se a Paulo, que estava em Éfeso, para pedir esclarecimentos.Paulo não hesita e responde numa das suas importantes cartas, explicando como devem ser usadas essas graças especiais.Ele explica que existe diversidade de carismas, diversidade de ministérios, como o dos apóstolos ou o dos profetas ou ainda o dos mestres, mas que um só é o Senhor do qual eles provêm. Diz ainda que, na comunidade, existem operadores de milagres e de curas, pessoas com o dom excepcional para o atendimento aos necessitados, outras para o governo, como também há quem sabe falar línguas e quem sabe interpretá-las. Mas acrescenta que um só é Deus, onde têm origem esses dons.Portanto, como os diversos dons são expressões do mesmo Espírito Santo, que os distribui livremente, não podem deixar de estar em harmonia entre si, não podem deixar de ser complementares. Esses dons não servem para uma simples realização pessoal, não podem ser motivo de vanglória, ou de afirmação de si, mas foram dados para uma finalidade comum: construir a comunidade. A finalidade deles é o serviço. Por isso, não podem causar rivalidades ou confusão.Paulo, mesmo pensando em dons particulares que diziam respeito diretamente à vida da comunidade, é do parecer que cada membro dessa comunidade tem a sua capacidade, o seu talento, que deve ser usado para o bem de todos, e que cada um deve ficar satisfeito com aquilo que tem.Ele apresenta a comunidade como um corpo, e se pergunta: “Se o corpo todo fosse olho, onde estaria o ouvido? Se fosse todo ouvido, onde estaria o olfato? Realmente, Deus dispôs os membros, e cada um deles, no corpo, conforme quis. Se houvesse apenas um membro, onde estaria o corpo?” (cf. 1Cor 12,17-19) Mas, de fato,
“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”
Se cada um é diferente dos outros, cada um pode então ser um dom para os outros; sendo, portanto, aquilo que deve ser e realizar o desígnio que Deus tem para ele em função dos outros.Paulo vê na comunidade, onde os diversos dons funcionam, uma realidade à qual dá um nome esplêndido: Cristo. E com razão, pois este corpo tão original, composto pelos membros da comunidade, é realmente o Corpo de Cristo. Com efeito, Cristo continua a viver na sua Igreja, e a Igreja é o seu corpo. De fato, no batismo o Espírito Santo incorpora o batizando em Cristo, tornando-o assim membro da comunidade. Nela, todos foram transformados em Cristo, toda divisão é cancelada, toda discriminação é superada.
“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”
Se o corpo é um só, os membros da comunidade cristã só atuam bem esse novo modo de viver se realizarem a unidade entre si; unidade que supõe a diversidade, o pluralismo. A comunidade não é como um bloco de matéria inerte, mas como um organismo vivo, composto por vários membros.Para os cristãos, portanto, provocar divisões é o contrário do que devem fazer.
“Há muitos membros e, no entanto, um só corpo.”
Como, então, você viverá essa nova Palavra que a Escritura lhe propõe?É necessário que você tenha um grande respeito pelas diversas funções, pelos dons e talentos da comunidade cristã.Você deve abrir o seu coração para acolher toda a rica variedade da Igreja, e não só da pequena Igreja que você freqüenta e bem conhece, como a comunidade paroquial ou a associação cristã da qual participa, ou ainda o movimento eclesial do qual você é membro, mas de toda a Igreja universal, nas suas múltiplas formas e expressões. Deve sentir que tudo lhe pertence, pois você faz parte desse único corpo.E da mesma forma como você cuida de cada membro do seu corpo físico e o protege, deve cuidar e proteger cada membro do corpo espiritual. (...) Você deve estimar a todos e também fazer tudo o que está ao seu alcance para que possam tornar-se úteis à Igreja do melhor modo possível. (...) Você não deve desprezar aquilo que Deus lhe pede, no lugar em que você se encontra – por mais que o trabalho cotidiano possa lhe parecer monótono e sem grande sentido –, pois pertencemos todos a um mesmo corpo e, como membro dele, cada um participa da atividade de todo o corpo permanecendo no lugar que Deus escolheu para ele. Além disso, o essencial é que você tenha aquele carisma – como anuncia Paulo – que supera todos os outros: o amor. O amor para com toda pessoa que você encontra, o amor para com todos os homens da terra.Somente com o amor, com o amor recíproco, é que os muitos membros podem ser um só corpo.
Chiara Lubich
Esta Palavra de Vida foi publicada originalmente em janeiro de 1981.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

No limiar de um ano novo...

"Maria conservava todas estas palavras, meditando-as no seu coração" (Lc 2,19). Começamos um novo ano e este é um tempo privilegiado para conservar no coração tudo o que o Senhor fez por nós no ano de terminou. Quantas graças, quantas bênçãos, quantas maravilhas aconteceram nos últimos 366 dias que vivemos! Guardar no coração tudo isso nos faz encher de gratidão o nosso interior e, com Maria, podemos cantar o nosso Magnificat: "...porque realizou em mim maravilhas aquele que é poderoso e cujo nome é Santo" (Lc 1,49). Ao mesmo tempo, lembramos todas as porcarias que fizemos neste ano que se encerrou e delas nos arrependemos e pedimos perdão a Deus. Não as guardamos no nosso coração, porque, da mesma forma que uma infecção, quanto mais guardada, mais se agrava, assim os nossos pecados: devem ser jogados fora com uma boa confissão, para que sejam guardados no Coração Misericordioso do nosso Deus. Ele sabe o que fazer com os nossos pecados, uma vez que pagou por eles na Cruz...
Olhamos, igualmente, para o nosso futuro: não sabemos o que nos espera o ano de 2009. Pode ser que aconteçam coisas boas, pode ser que conheçamos pessoas que serão especiais para a nossa vida, pode ser que a dor e a morte venham nos visitar... Tanto faz, se até aqui nos ajudou o Senhor, mais ainda continuará nos ajudando com a sua Graça e com o seu amor. O Senhor, Deus do tempo e do espaço, estará conosco em cada momento de nossas vidas e jamais irá nos desamparar. Confiemos em sua Divina Providência e iremos ter a força do alto para o ano que ora se inicia.
A todos os amigos e amigas que nos visitam neste Blog, desejo um abençoado ano de 2009, com as bênçãos de Deus!