sábado, 27 de dezembro de 2008

Sagrada Família e a nossa família às vezes nada sagrada...

Celebramos neste final de semana a Festa da Sagrada Família, onde contemplamos Jesus, Maria e José. Esta Festa adquiriu para mim um significado especial nos anos 1994/1998, quando fui Pároco da paróquia da Sagrada Família, no Bairro Cidade Nova, em Rio Grande, hoje atendida pelo meu amigo Pe. John Cléber.

Quando celebramos a Sagrada Família de Nazaré, a tendência que temos é a de festejar um estilo de família que está cada vez mais raro, quase que uma espécie em extinção. A tentação que nos vem é a de desânimo diante da triste realidade que vemos: divórcios, famílias incompletas, pais ausentes, filhos e filhas jogados pela vida afora... Parece que esta triste "ladainha" não tem fim...
O fato de Jesus ter se encarnado numa família tem por objetivo santificar todas as famílias, libertando-as das marcas que o pecado deixou nelas. Jesus santifica todas as realidades que assumiu, entre as quais a realidade familiar. Por isso é que se torna tão importante deixar a luz de Cristo invadir nossas casas e nosso ambiente familiar, mesmo aqueles que vivem situações de dor e de sofrimento. Deixemos que o Amor de Cristo transforme nossas famílias, estejam elas na situação que estiverem, é o melhor remédio para curar relações doídas e sofridas.
Para a Sagrada Família também não foi fácil: eram pobres, tiveram seu filhinho numa estrebaria, tiveram que fugir às pressas para o Egito, perderam o seu menino com doze anos numa cidade grande, como Jerusalém, Maria teve a dor de ver seu filho ser condenado como criminoso... Todas as dificuldades possíveis eles enfrentaram, como que para nos dizer: "Permaneçam firmes, pois vale a pena!"
Por isso, neste dia festivo, louvemos a Deus pela família que Ele nos concedeu, mesmo que marcadas por situações de dor e sofrimento. Deixemos que a luz do Natal nos marque e ilumine e, então conseguiremos fazer de nossas casas verdeiros lares, onde Jesus goste de estar e se sinta acolhido e amado no nosso amor vivido em nossa casa.

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Compreendendo o sentido do Natal

"E o Verbo se fez carne e habitou entre nós" (Jo 1,). Jesus, o Verbo que se faz carne, é a palavra que se realiza. Se, pela Criação do Universo, por meio da Palavra, o Pai disse "Faça-se" e assim foi feito, pela Encarnação o Pai, de novo, por meio di Filho, diz "Faça-se uma nova humanidade", totalmente libertada das garras do pecado e, em Jesus, assim foi feito. Por isso, Paulo diz que Jesus é o novo Adão dessa nova Humanidade, pois nele se inicia o tempo da verdadeira obediência ao Pai, do verdadeiro Amor do Pai para conosco, que exige de nós uma resposta de aceitação de nossa parte. E, em Jesus Menino, contemplamos o Sim do Pai a nós e no seu Sim contemplamos os nossos "sins" ao Pai. Ele, verdadeiro Deus, se faz semelhante a nós em tudo, até mesmo na pobreza extrema e no despojamento absoluto de si mesmo, para que, semelhante a nós, na sua humanidade, possa nos tornar semelhantes a Ele e participantes da sua vida divina. Dar Sim ao Pai é, portanto, a nossa vocação, que se origina no Presépio, se confirma no Calvário e se plenifica na Eucaristia. O Natal faz isso em nós: nos possibilita ver Deus entrando no mistério de nossa fragilidade, para nos fazer entrar no Mistério de sua Misericórdia. Aproveitemos as luzes deste Natal para deixar que elas nos iluminem e transformem a nossa vida.
A todos, desejo um Feliz e abençoado natal do Senhor!

domingo, 14 de dezembro de 2008

O Domingo da Alegria

O Domingo "Gaudete" é uma pequena "folga" na austeridade do Advento, para celebrarmos de modo antecipado as alegrias do Natal do Senhor. Ele já está às portas e o ambiente interior e exterior vão nos conduzindo a esta alegria. É como uma mulher grávida, que vê se aproximar o nascimento de seu filhinho e sente imensa alegria por estar chegando a hora de tê-lo em seus braços. Assim é a nossa alegria: o Senhor está próximo, o advento está nos seus finais, seja o Advento celebrado na Liturgia, seja o Advento "escatológico", o do fim dos tempos, quando o Senhor voltar em sua Glória. Por isso, a esperança-certeza é a grande tônica deste domingo e a alegria do anúncio da Boa Nova é a grande atitude que nós, cristãos, devemos ter. Num mundo tão cheio de más notícias, nós, cristãos, somos os anunciadores da única Boa Notícia que pode transformas vidas: a Boa Notícia de que somos amados por Deus, por meio do seu Filho, Jesus, nosso Senhor e Salvador.
Assim como João Batista, devemos "emprestar" a nossa voz para proclamarmos a Boa Nova de que o Verbo se fez carne e habitou entre nós. E a nossa voz manifesta a Palavra com nossa boca e com nossas atitudes: o nosso sorriso, a nossa alegria, a nossa bondade manifestada em gesto.
Por isso, alegremo-nos no Senhor e levemos nossa alegria em nossos caminhos e nos caminhos daqueles que convivem conosco.

sábado, 13 de dezembro de 2008

O momento presente e o outro: caminho para viver a Palavra de Deus

Confesso o quanto tem me feito bem meditar, rezar e vivenciar a "Palavra de Vida", que a cada mês nos chega, propondo um pequeno versículo da Palavra de Deus para nós. Por isso, mensalmente eu coloco a meditação que Chiara Lubich preparou já há alguns anos e que, mesmo hoje é profundamente atual.

Confesso, ainda, o quanto às vezes sou egoísta, querendo que sempre a minha vontade seja feita, deixando de lado aquilo que Deus me pede e aquilo que meus semelhantes necessitam.
Duas coisas a Palavra de Vida desde mês propõe para nós: a primeira: viver a vontade de Deus no momento presente. Este é um desafio muito grande, uma vez que temos a tendência ou de viver no passado ou de viver no futuro. No passado, através de saudosismo ou de ressentimentos, quando ficamos remoendo fatos e situações acontecidas, sejam elas positivas ou negativas. No futuro, quando vivemos na ansiedade do que ainda está por vir e que, de repente nem virá. Geralmente vivemos cercados de fantasmas, de medos e angústias de coisas que pensamos que irão nos atingir. Portanto, viver o momento presente, a situação atual que estamos vivendo e que dependem de nossas escolhas, onde podemos fazer a vontade de Deus ou então viver num egoísmo vazio de sentido.

O segundo aspecto que quero abordar aqui é a capacidade de sairmos de nós mesmos, para irmos na direção do outro: do Outro Supremo, que é Deus e dos outros, que convivem conosco. No mundo de hoje, perdemos a capacidade da alteridade, de estarmos voltados para o outro, com suas necessidades e sentimentos. Estar voltado para o outro é o antídoto do egocentrismo, que nos fecha à interlocução e ao amor, que é sinal do Amor que Deus tem para conosco. Eu posso conversar com alguém, mas com o coração fechado sobre mim mesmo ou posso estar totalmente voltado para o outro, com o coração generosamente aberto, na alteridade absoluta. E como é maravilhoso ser assim, pois a experiência que fazemos acaba sendo uma experiência de realização plena, pois somos vocacioonados para o outro, para o amor a Deus e ao próximo.

Quando vivemos o momento presente e vivemos na relação de alteridade para com Deus e o próximo, então aí, sim, estamos encontrando o caminho da felicidade plena.

A todos, um feliz final de semana!

domingo, 7 de dezembro de 2008

"Anoiteceeeeeeuuuuu, o sino gemeeeeeeuuuuu..."

Hoje tivemos o nosso Jantar Natalino, da Comunidade de São José Operário. Logo após saímos pelas ruas de nosso bairro, realizando nossa Serenata de Natal, alegrando a noite de nossos vizinhos. A experiência do alegre estar junto, com nossos jovens e adultos foi uma maravilha. Foi extremamente divertido e a todos deixou aquele gostinho de quero mais. A vida em comunidade foi a grande tônica deste ano em que buscamos a re-fundação de nossa Paróquia, nos seus quarenta anos. Eis as fotos da Serenata:



A galera andando pelas ruas e cantando: "Anoiteceeeeeuuu..."

A nossa gurizada animando a noite da Cohab 2

Mais uma dos nossos cantores...



A "Velha Guarda da Comunidade..."

Cantando e dançando com a Equipe da Cozinha do Jantar de Natal...

Confesso... sou feio, muito feio, mas o Bruno tá pior que eu... ahuahuahu...

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Palavra de Vida - Mês de Dezembro

“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!” (Lc 22,42b)
Você se lembra? É a oração que Jesus dirige ao Pai no Horto das Oliveiras e que dá sentido à sua paixão, depois da qual veio a ressurreição. Essa frase exprime em toda a sua intensidade o drama que se passa no íntimo de Jesus. Revela a ferida interior provocada pela repugnância profunda da sua natureza humana diante da morte que o Pai quis para ele.Mas Cristo não esperou esse dia para adequar a sua vontade à vontade de Deus. Ele fez isso durante toda a vida. Se foi essa a conduta de Cristo, essa deve ser a atitude de cada cristão. Também você deve repetir na sua vida:
“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”
Talvez você ainda não tenha pensado nisso, mesmo sendo batizado, mesmo sendo filho da Igreja. Talvez você tenha reduzido essa frase a uma mera expressão de resignação, que se pronuncia quando não se pode fazer mais nada. Mas essa não é a sua verdadeira interpretação. Veja bem. Na vida você pode escolher uma destas duas direções: fazer a própria vontade ou optar livremente por fazer a vontade de Deus. Então você terá diante de si duas possibilidades: a primeira, que será logo decepcionante, porque você vai querer escalar a montanha da vida com suas idéias limitadas, com seus próprios recursos, com seus pobres sonhos, somente com as suas forças. A partir daí, mais cedo ou mais tarde, virá a experiência da rotina de uma existência marcada pelo tédio, pela mediocridade, pelo pessimismo e, às vezes, pelo desespero. A partir daí virá a experiência de uma vida monótona – apesar dos seus esforços para torná-la interessante – que nunca chegará a satisfazer suas exigências mais profundas. Isso você tem que admitir, não pode negar. A partir daí, no final de tudo, ainda virá uma morte que não deixará rastro algum, mas apenas algumas lágrimas e depois o esquecimento inexorável, total e universal. A segunda possibilidade é aquela em que também você repete:
“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”
Veja bem: Deus é como o sol. Do sol partem muitos raios que atingem cada homem: representam a vontade de Deus para cada um. Na vida, o cristão, e também todo homem de boa vontade, é chamado a caminhar rumo ao sol, na luz do seu próprio raio, diferente e distinto de todos os outros. Assim realizará o projeto maravilhoso, pessoal, que Deus preparou para ele. Se também você agir assim, vai se sentir envolvido numa divina aventura, nunca sonhada. Você será ao mesmo tempo ator e espectador de algo grandioso que Deus realiza em você e, por meio de você, na humanidade. Tudo o que lhe acontecer, como sofrimentos e alegrias, graças e desgraças, fatos de relevo (como sucessos e sorte, acidentes ou mortes de entes queridos), fatos corriqueiros (como o trabalho do dia-a-dia em casa, no escritório ou na escola), tudo, tudo vai adquirir um significado novo porque lhe será oferecido pelas mãos de Deus que é Amor. Tudo o que ele quer, ou permite, é para o seu bem. E se, de início, você acreditar nisso somente com a fé, depois enxergará com os olhos da alma como que um fio de ouro a ligar acontecimentos e coisas, a tecer um magnífico bordado, que é o projeto que Deus preparou para você.Talvez você se sinta atraído por esse modo de ver as coisas, talvez queira sinceramente dar à sua vida o sentido mais profundo.Então ouça. Antes de tudo vou lhe dizer quando você deve fazer a vontade de Deus.Pense um pouco: o passado já se foi e você não pode mais alcançá-lo; só lhe resta colocá-lo na misericórdia de Deus. O futuro ainda não chegou; você vai vivê-lo quando ele se tornar atual. Apenas o momento presente está em suas mãos. É justamente nele que você deve procurar viver a frase:
“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”
Quando você viaja – e também a vida é uma viagem –, permanece sentado tranqüilamente em seu lugar. Nem lhe passa pela cabeça a idéia de ficar caminhando para frente e para trás no ônibus ou no vagão do trem. Essa atitude seria de quem quisesse viver a vida sonhando com um futuro ainda inexistente, ou pensando no passado que jamais voltará. Não, o tempo caminha por si mesmo. É preciso concentrar-se no presente; então chegaremos à plena realização de nossa vida terrena. Você me perguntará: mas como posso distinguir entre a vontade de Deus e a minha? No presente não é difícil saber qual é a vontade de Deus. Vou lhe indicar um caminho: preste atenção à voz do seu íntimo, uma voz sutil, que talvez você tenha sufocado muitas e muitas vezes, e que se tornou quase imperceptível. Mas, procure ouvi-la bem – é voz de Deus (cf. Jo 18,37; cf. Ap 3,20). Ela lhe diz que este é o momento de estudar, ou de amar algum necessitado, ou de trabalhar, ou de vencer uma tentação, ou de cumprir um dever de cristão ou outro dever de cidadão. Ela o convida a dar ouvidos a alguém que lhe fala em nome de Deus, ou a enfrentar corajosamente situações difíceis... Ouça, ouça. Não sufoque essa voz. É o tesouro mais precioso que você possui. Siga-a. E, então, você construirá momento por momento a sua história, que é ao mesmo tempo história humana e divina, porque feita por você em colaboração com Deus. E você verá maravilhas. Verá o que Deus pode realizar numa pessoa que diz com toda a sua vida:
“Não seja feita a minha vontade, mas a tua!”

Chiara Lubich