quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Tópicos de Aparecida (X) - As novas pobrezas

Aparecida cunhou uma nova expressão, que entrou muito em voga a partir da V Conferência: as "novas pobrezas". Convém lembrar que a Igreja Católica na América latina, em Puebla, já no longínquo ano de 1979, fez aquilo que chamou de "opção preferencial pelos pobres". Esta opção preferencial, "não exclusiva e nem excludente", coloca os pobres como preferenciais em todo o atendimento eclesial e social que a Igreja realiza.

A opção preferencial pelos pobres, no dizer de Bento XVI, é cristológica, uma vez que é sinal da opção de Cristo pela humanidade, Ele, que sendo Deus se fez homem, assumindo a nossa pobreza e tornando-se um de nós. Optar pelos pobres é fazer o mesmo trajeto de Jesus, significa agir como Ele, que vai ao encontro de todas as pobrezas, com-padecendo-se de todos os sofrimentos e opressões sofridos pela humanidade. Compadecer significa "padecer-com", estar junto, solidário, unido. Assim deve ser a atitude concreta da Igreja, ou seja, de cada um de nós.
Mas o que significa esta "nova pobreza"? Nas últimas décadas, a situação sócio-político, econômica e social da humanidade mudou consideravelmente. O mundo anda depressa e com significativas transformações. Com isso, surgiram "novos rostos de pobres", que precisam ser vistos e atendidos com o nosso amor samaritano. Aparecida, a partir do número 407, são elencados estes rostos: os moradores de rua, os migrantes, os enfermnos, os dependentes de drogas e os encarcerados. Por que novos rostos? Afinal sempre existiram! Porém, fazem parte de um fenômeno recente o seu crescimento em nossa sociedade. Por isso, a música aquela antiga do Padre Zezinho é cada vez mais atual: "Seu nome é Jesus Cristo e passa fome..."
Constato, com tristeza e preocupação, que a nossa sociedade (e também a Igreja...) tem diminuído sua atenção para com a realidade dos empobrecidos. Pastorais e Movimentos Sociais perderam o seu espaço e este tema não é mais prioritário em nossos Planos de Pastoral. Parece que perdemos a nossa sensibilidade social. Contemplar e auxiliar os pobres, em seus antigos e novos rostos deve ser preocupação constante da Igreja e de cada católico, que deve cultivar o coração de Bom Samaritano.

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